A
maioria de nós professoras somos de uma geração em que as
atividades eram reproduzidas por um mimeógrafo. As unhas das
professoras manchadas e aquele cheirinho de álcool era sinal de
atividade nova no pedaço. Os tempos mudaram e com ele muita coisa.
Passamos pela evolução de deixar de fazer a atividade a mão no
estêncil e digitá-la e imprimir em uma impressora matricial. Depois
o mimeógrafo foi ficando no cantinho da sala dos professores ou na
mecanografia para emergências, caso a máquina de xérox estragasse
ou o tonner acabasse. Hoje, provavelmente ele é peça de museu e
nossos alunos nem devem saber do que se trata o primeiro parágrafo
deste post. (Risos)
A
evolução tecnológica não chegou tão devagar, mas algumas de nós
resistimos bravamente, confesso que sou uma delas, até que um dia
tivemos que vencer nossos medos e encarar as ferramentas. É fato que
muitas delas facilitaram a nossa vida, a máquina digital nos
possibilitou registrar nossos trabalhos e visualizar os registros a
baixo custo. Podemos criar vídeos e apresentações, documentar tudo
e armazenar num simples cartão de memória ou pen drive. Podemos
ilustrar nossas aulas com filmes, baixando-os da internet, ou
proporcionar aos estudantes realizarem pesquisas no laboratório de
informática e ou na biblioteca da escola.
No
cotidiano escolar, ainda temos alguns problemas como instalar os
equipamentos, falta um cabo, ou o formato do vídeo não é o
adequado para o computador, às vezes a internet não funciona e por
aí vai. São pontos que realmente precisam ser solucionados. Mas
vejo muita evolução de nossa parte frente as novas tecnologias,
afinal para nós que não nascemos na Era Digital não é fácil, mas
temos nos esforçado.
Tenho
feito algumas experiências com as novas tecnologias. Dia desses
resolvi gravar a leitura coletiva da turma, uma gravação da leitura
de um texto que já havia sido trabalho, lido e relido e outra
gravação da primeira leitura de um texto. Depois apresentei a turma
as gravações. Eles conseguiram avaliar suas participações e
refletir sobre o que precisaria ser mudado. Aprenderam também sobre
a importância de ler e reler um texto quantas vezes forem
necessárias. Nós amamos a estratégia e resolvemos gravar as
leituras individuais para que cada um pudesse refletir si. Não
projetamos as leituras individuais. As crianças assistem no notebook
da escola, que eu ligo na sala mesmo para eles. Um dia ouvi uma
pergunta não esperada: “- Bel, você pode enviar esse vídeo para
o WhatsApp da minha mãe? Assim ela pode me ajudar em casa também.”
Pensei rapidamente, e respondi: se ela autorizar por escrito posso
sim! No fundo eu fiquei foi pensando sobre aquela pergunta e
refletindo sobre as novas tecnologias e esse mundo moderno… pensei
que as pessoas assistem vários vídeos no WhatsApp, eu assisto
muitos, uns motivadores, outros informativos, mas nunca assisti a um
vídeo dos meus filhos em situação escolar… deve ser
surpreendente. Gostei da ideia. No dia seguinte lá estava meu aluno
com a agenda na mão e todo empolgado me apresentou a autorização
da mãe para que eu enviasse o vídeo. Disse a ele que faria isso
mais tarde, pois não utilizo internet em meu celular fora de casa…
e fiz! Ah… outros pedidos surgiram e gravar minhas aulas e a
participAÇÃO dos estudantes virou prática.. Gravo também minhas
intervenções pedagógicas, algumas mães pedem para saber como
ajudar suas crianças.
Na
intervenção a Edna gravou a leitura de uma aluna que nunca leu em
casa e sua família estava triste achando que ela não sabia ler
ainda… foi uma grande surpresa quando receberam o áudio.
Gravei
minha aluna com deficiência fazendo a escrita do seu nome completo,
e realizando outras atividades de leitura e escrita. Ela está há
quase três anos em nossa turma e esse ano despertou para a escrita e
para a leitura nos trazendo muita alegria. Enviei o vídeo para a
família, que ficou encantada e mais motivadas e esperançosas com a
possível alfabetização dela, assim como eu.
Bom,
utilizar as novas tecnologias é um desafio para nós, mas a prática
pode transformar nossas aulas. Há sim muitos desafios quanto aos
equipamentos, disposição, armazenamentos e manutenção, bem como
quanto aos cuidados com as informações e gravações armazenadas.
Mas vejo possibilidades infinitas para a EMPEV. Como disse, temos um
corpo docente e funcionários que realmente fazem a diferença e
precisamos levar esse compromisso e as experiências de sucesso para
outros espaços. Vamos nos empenhar em estudar e refletir mais sobre
essa estratégia.